
Você já se perguntou como é possível dialogar com as diferentes partes de si mesmo? Sim, eu tenho o hábito de fazer reuniões periódicas com os meus "eus". Eu aprendi a identificar e nomear os diversos aspectos da minha personalidade, que passei a separar em quatro categorias: os "eus" primários, os "eus" secundários, os "eus" terciários e os "invasores". Cada um deles tem uma função, uma motivação e uma forma de se expressar.
Os "eus" primários são aqueles que nos conectam com as nossas necessidades básicas, como alimentação, segurança, saúde e prazer. Eles são a nossa dimensão animal, que busca a sobrevivência e a satisfação. Eles são impulsivos, instintivos e às vezes irracionais. Eles podem nos levar a agir de forma egoísta, impulsiva ou irresponsável. Por isso, é importante saber ouvi-los, mas também controlá-los. Eu costumo chamá-los para uma reunião quando sinto que eles estão muito agitados ou insatisfeitos.
Os "eus" secundários são aqueles que tentam racionalizar tudo o que acontece, buscando explicações e justificativas para as nossas ações e sentimentos. Eles podem ser úteis em algumas situações, mas também podem nos atrapalhar quando ignoram ou reprimem as nossas emoções. Eles não sabem lidar muito bem com o que sentimos, então preferem esconder ou negar as nossas emoções, o que pode gerar frustração e irritação.
Os "eus" terciários são aqueles que nos distraem do presente, trazendo lembranças do passado ou projeções do futuro. Eles podem nos fazer reviver momentos felizes ou tristes, mas também podem nos impedir de aproveitar o que está acontecendo agora. Eles nos fazem questionar se somos nós mesmos ou se estamos sendo influenciados por outras pessoas ou situações. Eles podem criar confusão e ansiedade na nossa mente, no nosso coração e nas nossas atividades diárias.
Devemos lembrar que vivemos em um mundo cheio de estímulos e influências constantes, provenientes da mídia, da sociedade e de outros indivíduos. Elas podem afetar nossos pensamentos, sentimentos e ações de maneiras que nem sempre somos conscientes. Às vezes, confundimos essas influências externas com nossos próprios desejos e opiniões, pois estes são os “eus” invasores.
É importante cultivar uma consciência crítica em relação a essas influências e questionar se elas realmente representam nossos valores, desejos e necessidades internas. Isso envolve a prática da autorreflexão e da autoconsciência, para discernir entre o que é realmente parte de quem somos e o que não é.
Por isso, às vezes eu me isolo e fico em estado de alerta, como um caçador que observa e estuda a sua presa. Eu fico olhando para todos os meus "eus" e escutando o que eles têm a dizer, mas sem julgar nenhum deles. Eu deixo eles falarem o quanto quiserem, mas não me deixo levar por nenhum deles. Eu só observo.
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