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A IMPORTÂNCIA DO NÃO FAZER

Uma das qualidades que nos motiva para a vida, talvez a principal, é poder realizar, fazer ou expressar. Todos esses verbos indicam ação. Normalmente canalizamos esta capacidade no trabalho, nos projetos em andamento, nos sonhos em gestação. Além disso, a maneira como a sociedade de modo geral propõe um ritmo nos deixa com a atenção mais fixa nas tarefas e ações em vários níveis em nosso dia a dia.

Consciente ou inconscientemente nos sentimos úteis quando estamos em atividade e muitas


vezes incompletos ou até mesmo constrangidos quando não estamos trabalhando ou realizando algo. A vida centrada na ideia de que o fazer nos define é tão forte que quando conhecemos alguém normalmente perguntamos: o que você faz?

Se prestarmos atenção com acuidade diante da natureza, todos os dias perceberemos o resultado de alguma atividade em andamento: uma flor que nasce, uma semente que brota, um fruto que amadurece e até mesmo uma nova espécie que surge. Iremos notar o dia substituindo a noite e vice-versa. Assim como a longo prazo poderemos verificar e reconhecer as mudanças das estações, onde cada uma impõe um ritmo e uma qualidade em sua ação.

A natureza também nos mostra que para sua imensa, criteriosa e poderosa força de realização ela necessita de não ação. Ela repousa e respira nas noites. Ela dorme nas montanhas e rochas silenciosas. Ela se recolhe em frações de momentos nos invernos de si mesma.

A realização também pede liberação de stress, repouso e esvaziamento. O vazio parece sustentar a vida desde quando observamos o universo até ao notar ao nosso redor o espaço entre uma coisa e outra. Costumamos dizer às vezes: “preciso de um espaço” ou mesmo “preciso dar um tempo”. Sem o espaço e o tempo do não fazer toda realização se torna infrutífera ou não acontece.

Para algumas filosofias e tradições de sabedoria, a chave do bem viver é encontrar a harmonia entre a atividade e a não atividade; aprender a transitar entre estas duas dimensões da existência. Integrando adequadamente esta dinâmica em nosso cotidiano que por vezes se apresenta tão distante deste ponto de equilíbrio. Para isso podemos começar não fixando exageradamente nossa atenção no fazer e acolher sem culpa os sagrados momentos de não fazer.


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