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Tenho percebido que o tema da ansiedade tem se tornado assunto recorrente nos últimos dias. Chego a pensar que em decorrência de mais de dois anos de pandemia ela tem se expandido nos mais diversos âmbitos de trabalho.
Ansiedade e angústia possuem a mesma raiz, traz algo de sufocamento, de aperto e opressão de algo em nós que deseja se libertar ou expandir, mas está perturbado. Parece um conflito entre inúmeras possibilidades internas de expressão e ao mesmo tempo uma falta de espaço para o fluxo a tal expressão.
Preocupações e expectativas excessivas seguidas de frustrações ou paralisia em relação a determinadas rotinas diárias podem ser indicadores de que há algo em curso que pode desviar sua predisposição para uma vida sadia.. Mas como lidar com isso? Se alguns destes padrões estão recorrentes em sua vida, realmente será necessário o suporte de um terapeuta, de alguém que profissionalmente possa oferecer recursos específicos para cuidar de você para que determinadas tendências não evoluam para um estado mais grave.
Identificar o momento em que traços de ansiedade saiu dos limites exige o exercício da auto-observação. Além disso, permanecer alinhada (o) e conectada (o) com uma vida saudável exige-se cultivar a paz. Por fim, cada uma dessas coisas exige treinamento.
Nas tradições de sabedoria a auto-observação é realmente uma ferramenta ou prática imprescindível. Na cultura indígena existe um termo que chamamos “estado de espreita” que consiste basicamente em; a partir de si mesmo, colocar-se em uma posição de observar pelo menos três estados naturais por onde nossa consciência se dispõe a fluir que são:
1. nossos pensamentos
2. nossas emoções/sentimentos
3. nossas sensações momentâneas.
O estado de espreita pressupõe um distanciamento de situações, coisas e fatos interiores, que permite um “descolamento” de estados mentais, emocionais e sensoriais. Com isso, te permite dar direção a cada um destes estados e não ficar “identificado” em cada um deles.
No entanto, o objetivo maior desta prática é levar o praticante a um estado natural mais profundo que reside em cada um de nós: a paz.
Talvez alguns que me lêem agora possam achar que a paz seja uma utopia ou mesmo um estado de passividade. Por isso devo dizer que a paz verdadeira não é ausência de conflito interno ou externo. Segundo a sabedoria ancestral ela é uma frequência que estrutura todas as formas de vida na dinâmica da harmonia e está presente em tudo, inclusive em nós mesmos.
Podemos alcançar a paz interior a partir de três princípios básicos: o primeiro é adquirir uma rotina de ‘estado de espreita’; e por incrível que pareça, o segundo é respirar adequadamente. Dedicar alguns minutos para respirar de modo consciente e profundo possibilita criar uma intimidade com estados pacíficos em nós mesmos.
O terceiro princípio é oferecer seu precioso tempo a instantes de silêncio.
Estamos em uma época desafiadora tanto para o coletivo quanto para o indivíduo em que a travessia dos momentos mais tormentosos exige a presença da paz para a cura pessoal e humanitária, por isso criar conexão com esta frequência nunca foi tão necessária quanto agora
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