
Amar é humano. Reconhecer que somos tecidos de emanações de amor que parte de um oceano de compaixão é um grande percurso a realizar. Um caminho cheio de desvios e reveses, que começa no florescer de nossa existência terrena e muitas vezes ultrapassa o morrer neste plano de vida.
Foi esta a conclusão a que chegamos, em um dia frio de mês de fevereiro de 1998, em Oxford, num fórum promovido pela ONU onde fui convidado a participar com cerca de 25 religiões do mundo representadas pelos seus diversos expoentes para compreender melhor o que tínhamos de divergências e o que era comum em nossas visões de mundo.
As partilhas nos proporcionaram reelaborar muitas distorções que carregávamos cada um do outro a séculos. A surpresa para todos foi a constatação de que tanto para as religiões quanto para a sabedoria ancestral o ser humano descende de uma fonte inesgotável de graça e amor.
Todos concordavam também que houve um ponto na grande jornada da existência que um “desvio” provocou um “torpor” em relação à nossa origem comum. Além disso, havia a convergência de que pela prece, silêncio, escuta, empatia, estudo, serviço e vivências interiores, podia-se recobrar ou retomar a conexão com a fonte.
Vimos que quanto mais distante de nossa essência original é que acontecem as opressões, escravizações, discórdias e guerras. Segundo a sabedoria oriental, tais coisas são geradas no interior de nós mesmos. Para cessá-las, somente através de nossas mentes e corações, pela meditação e pela prece, é que podemos despertar deste torpor.
Meditar aqui, neste contexto, inclui abrir-se para o autoexame, a reflexão, a partilha, a busca de entendimento e acordo. Rezar é uma atitude que convoca nossa alma a ir em uma direção a essência do ser e penetrar no oceano luminoso da compaixão para atrair o propósito rezado, saindo assim da ignorância do ser.
Neste momento, enquanto escrevo, nós – que nos autodenominamos humanidade - estamos presenciando o ponto mais grave do distanciamento de nossa essência: a guerra. Onde os governantes desta situação estão sendo desafiados a meditar e encontrar soluções que reflitam maturidade. Onde todos nós somos convocados a rezar, das mais diversas maneiras, a partir da fé e consciência de cada um de nós, para que o poder luminoso gerado dessa emanação nos ajude a despertar do caos que nos envolvemos.